VERDADES, OU DISCURSOS ELOQUENTES?: A sedução maliciosa dos articuladores sociais e dos fanáticos religiosos.

Assim é que a maioria acaba se acomodando, impondo limitações a seus próprios recursos, achando que talvez sua inspiração tenha origens na ilusão não realizável de se emancipar do parecer de terceiros, então entregando nas mãos de seus guias postados em cargos governamentais, científicos ou religiosos, a solução para seus anseios. Com esta postura diante dos obstáculos, se põe em dependência de estranhos, entorpecendo o impulso que brota de seus atributos mais criativos, se recolhendo à condição e certeza de ser destituído de dons melhores.
O homem falha nesta conclusão de impotência, competindo-lhe imaginar que alguma informação recebida em algum momento de sua vida o estimulou a agir em conformidade com os parâmetros gerais aos quais acabou se adaptando, também se deixando enfraquecer no seu mais precioso dom: o da racionalidade, do poder de apreciação e julgamento de seus próprios atributos superiores, como do mundo que o cerca.
Certamente haverá um meio de reverter esta situação, porém tanto é preciso que se o queira, quanto é necessário que um primeiro passo seja dado. Passo este que aponte nova orientação, mostrando possibilidades, estimulando a levantar pressupostos e indicando prognósticos de bons resultados, evidenciando que uma leve guinada é capaz de levar a atenção, o foco da consciência, à apreciação de novos elementos propiciadores de uma justa avaliação das situações e das coisas sempre ensinadas e tomadas como verdades, mas na realidade apenas frutos de discursos eloquentes.
Muitas vezes, um pequeno texto, uma frase, quiçá uma palavra, é suficiente para provocar insights, e é com esta perspectiva que trazida esta contribuição, a fim de estimular o impulso ao primeiro passo.
Até mesmo o dotado de mente admirável, divinizado pelos menos favorecidos intelectualmente, adentra em especulações inapropriadas para seu intelecto, porque ensinado desde cedo a arrazoar com as premissas de ordem geral, cego às evidências que gritam a seu entendimento para ser bem avaliadas e julgadas corretamente.
Não é possível que os tantos e variados elementos já à disposição do conhecimento não consigam exercer seu poder de abrir a mente a diferentes perspectivas, levando a concluir que falta uma peça neste enredo forjado a respeito do mundo e dos homens que aqui vivem, e propiciar a visão da verdade que flagrantemente se expõe às claras!
Por mais que, ainda agora, uma minoria bem informada que sabe das coisas a nós interditas, tente suprimir informações de um grande número de descobertas importantes, aquilo que não se pôde omitir ou cuidadosamente esconder por impraticável que é, tem decisivamente exercido sua forte pressão para desfazer todos os induzidos enganos. Entretanto, praticamente ninguém presta atenção aos portentosos detalhes e, em vez disso, dá vazão a teorias fantasiosas amparadas nos pareceres dos que criam absurdos.
A despeito das evidências, o desinformado e treinado ao ceticismo continua uma luta acirrada para defender o insustentável, sob o pretexto de se obrigar a não fugir da razoabilidade, embora desempenhe justamente o papel contrário, ou seja: nunca o homem foi tão cego de raciocínio diante das coisas óbvias, mal se conseguindo conceber como ainda se intitula, tão orgulhosamente, um ser racional esclarecido.
Ser esclarecido, é a condição daquele que pensa por si próprio e avalia tudo sob seus próprios métodos de raciocínio do admissível, ou é a condição daquele que usa a interpretação ou informação alheia, simplesmente porque forçado a ver este alguém distante destacado num pedestal, sem que este mesmo que ilusoriamente deposita confiança no endeusado o tivesse julgado, avaliado e o colocado lá? Por que o homem deve incontestavelmente confiar tanto nos pareceres de terceiros, desmerecendo seu próprio valor como ser pensante e capaz de chegar a suas próprias conclusões?