RELIGIÃO, OU CIÊNCIA E ARTE DO DESPERTAR?: Um estudo do papel da alma neste e no outro mundo, abarcando uma análise de suas faculdades, recursos e objetivos, ... com amparo nos ensinamentos deixados pelos

O propósito é trazer aos livres desbravadores dos mistérios, e também aos religiosos cristãos ou não, inclusive aos espiritistas, uma contribuição com novos pontos de vista. Se bem aceitos e acordes com as perspectivas de um aprendizado sem mistificações, conduzirão o interessado a exames que se estendam para além do conceito trivial e a uma ponderação mais condizente com o poder intelectivo do homem moderno. É um esforço para o autoesclarecimento, levando a uma melhor análise e reflexão os pontos e contrapontos da matéria controvertida tratada na Doutrina Espiritualista.
Alguém poderia se perguntar por que razão se dar ao trabalho de querer se inteirar de algo que não lhe interessa ou tem aversão. Mas é precisamente aí que sua inteligência deve intervir, para também se perguntar se a origem desta falta de interesse não será encontrada na influência da opinião popular ou dos conceitos que crê ter livremente adotado, mas que também resultaram de pareceres alheios pré-existentes.
Então, deve considerar que a presente proposta é justamente de afastar aquele conjunto de conhecimentos do rol dos assuntos religiosos, abominados ou proibidos. É certo que se quer adeptos, porém adeptos à compreensão, porque a verdadeira intenção aqui preservada é a de proporcionar uma visão diferente da habitual, para o devido reconhecimento do conteúdo daqueles livros doutrinários como a expressão de uma Ciência de valor inestimável.
Além disto, apontar e apresentar uma crítica ao erro crasso cometido por todo aquele que, se utilizando de uma avaliação nitidamente superficial, não teve condições de se equipar dos elementos necessários para um julgamento criterioso dessa Doutrina, e acabou condenando-a a uma mera religião, à margem das tradicionais, como há muito reputada.
Essa classificação oferece um verdadeiro obstáculo a muitas mentes dotadas de recursos intelectivos mais amplos. Estas, com um mínimo de noção do que realmente disponibilizado ao conhecimento geral, seriam capazes de encadear o esclarecimento em elos de uma corrente interminável. Porém, falta-lhes o ponto de partida, o impulso inicial que capacita o pensador a ganhar uma visão nova. Um modo diferente de encarar o tema que tanto evita, por força das considerações a respeito dos tantos desatinos de que noticiado, acabando por se ver forçado a nortear seus interesses para outros assuntos.
Garantido, por averiguação própria e criteriosa, que a doutrina contida nas obras de Allan Kardec tem muito pouco a ver com o que o vulgo pensa ou, pelo menos, com o modo como rotineiramente a expõe. As colocações vulgares tendem para um errôneo apelo religioso e pleno de mistificações limitadoras.
Ninguém tem que se tornar piegas e assumir feição de devoção piedosa só porque ouve falar em Deus e leis divinas. Deus é muito mal concebido quando ao se referir seu nome, os pensamentos, produzindo ilusórias telas mentais, disparam para regiões paradisíacas e evocam ideações de justiça somente com leis punitivas ou descabidamente complacentes. As leis divinas visam à evolução, que se traduz na conquista da boa índole, caráter, dignidade e respeito, de forma espontânea, como algo que brota da própria natureza da alma encarnada ou do espírito desencarnado. É pelo prazer que sente em ser e agir assim, e não à obtenção de recompensas aqui ou acolá.
Por esta confusão que se aloja na mente humana, gerando dúvidas e desconfianças sobre como agir no presente, e as incertezas quanto ao que lhe espera no porvir, é que despontou a consideração de que sem este empurrãozinho, sobretudo num assunto atinente a um plano tão insólito, a pessoa fica perdida, por falta de referência analógica com o mundo material.
É imperativo admitir que não se aventurando a descobertas capazes de enriquecer o conhecimento, e sem a sorte de encontrar os raros instrutores valorosos, não restará grande coisa senão repousar placidamente nas mãos de controladores.