Romance Perigoso

Bruna uma bela moça de 16 anos estava chateada porque o rapaz que paquerou durante dois meses não quis namora-la. Sua amiga Amanda querendo consolá-la contou que a sua tataravó Marília viveu uma linda estória de amor no ano de 1895. O pai dela tinha uma fazenda de café na cidade Diamante Negro, localizada no Oeste Paulista. Desde o seu nascimento seus pais a prometeram em casamento ao Celso, filho do Coronel Anselmo. Quando completou 15 anos na festa de aniversário conheceu o noivo. Ela era loira, tinha olhos verdes além de ser bonita. Ela detestou este homem de 22 anos, porque além de convencido era arrogante.
Marília fez aniversário no dia 10 de setembro, a sua mãe dona Malvina e o Coronel marcaram o seu casamento com Celso para o dia 16 de dezembro. Todas as outras moças sentiram inveja dela, pois o seu noivo era filho do poderoso Coronel Anselmo que tinha a maior fazenda de café da cidade. Neste evento alguns convidados perguntaram porque o senhor Leôncio não compareceu na festa de aniversário de sua filha. Chateada dona Malvina comentou que há uns três anos alguns assaltantes além de roubarem o seu marido colocaram fogo na sua roupa. Apesar das queimaduras graves ele sobreviveu. Como o seu corpo ficou deformado Leôncio não saia do quarto.
Terminada a festa Marília dirigiu-se ao quarto. Desesperada deitou-se na cama e começou a chorar. No domingo se lembrou do dia que foi visitar escondida a dona Rosa. Enquanto retornava a sua casa viu Celso batendo em um velho e duas crianças. Um homem mal vestido implorou para ele não machucar a sua família. Celso deu um soco nele, mandou irem embora desta cidade senão mataria todos. Assustada Marília escondeu-se no meio do mato. Ninguém a reconheceu porque usava roupas de homem. Aquele monstro iria bater nela todos os dias. Passou-se uma semana, no domingo cedo desanimada abriu a janela do quarto, sentiu vontade de ter contato com a natureza e brincar na cachoeira.
Utilizando a passagem secreta passados uns dez minutos chegou perto da cachoeira. Em vez de sorrir chorava, encostou-se a uma árvore. De repente desceu daquela árvore um mulato gentil e a consolou. Marília simpatizou-se com este rapaz, contou-lhe que estava prometida em casamento ao Celso Lima. Este homem era um monstro que maltrata pessoas inocentes. Revoltado Francisco comentou que a sua mãe foi escrava do Coronel Anselmo. Como ela era uma mulata formosa tornou-se concubina daquele tirano que por azar era o seu pai. Quando houve a abolição da escravatura dos negros o coronel mandou deformar o rosto de sua mãe para ninguém mais querer como esposa. Passados dois anos ela ficou doente e faleceu. Por sorte a família de um ferreiro o acolheu em sua casa quando tinha dezesseis anos. Já fazia cinco anos que morava com esta família e trabalha como ferreiro na estalagem.
Eles conversaram por mais de 50 minutos, de repente Marília lembrou-se que precisava voltar à casa-grande. Enquanto ela corria Francisco gritou quando a veria novamente. Emocionada parou, virou para trás, respondeu que se veriam próximo domingo no mesmo horário. Passada uma semana no domingo cedo ela dirigiu-se a cachoeira. Francisco já estava neste local e lhe deu de presente um botão de rosa vermelha. Emocionada percebeu que estava apaixonada por este homem. Em sinal de gratidão recitou uma poesia. Vagarosamente passava-se os dias da semana, apavorada esta donzela percebia que estava chegando a data do seu casamento.
No outro domingo utilizando a passagem secreta dirigiu-se a cachoeira. Quando viu Francisco de longe abriu os seus braços e saiu correndo. Assim que se encontraram os dois se abraçaram e beijaram-se. Enquanto eles se beijavam alguns homens aproximaram-se deles montados nos seus cavalos. Ao verem esta cena gritaram que um negro estava atacando uma mulher. Eles espancaram o rapaz, machucado o levaram a delegacia. Um deles reconheceu Marília, levaram-na a casa-grande da fazenda do senhor Leôncio Miranda.