Os Livros de Linhagens na Idade Média

A História da Literatura conheceu alguns gêneros literários que podem ser denominados de “gêneros híbridos”, aqui entendidos como aqueles gêneros literários que intermesclam ou entremeiam distintos padrões formais, dois ou mais modos de apresentação do texto, materiais e conteúdos francamente diversos ou estilos textuais bem diferenciados. É esse hibridismo textual, que se fez tão típico dos ‘livros de linhagens’, fontes que são que abordadas neste livro tomando-se por foco de análise os três livros de linhagens mais conhecidos da Idade Média portuguesa. Ao mesmo tempo textos genealógicos que descrevem sucessões de indivíduos pertencentes às diversas famílias da nobreza medieval ibérica, os livros de linhagens continham narrativas através das quais emerge toda a sociedade de sua época, com seu cotidiano, suas hierarquias, suas tensões sociais, projetos políticos e práticas culturais. O ambiente é o dos reinos medievais do ocidente ibérico (Portugal e Castela), e o recorte de tempo os séculos XIII e XIV, período que assiste a momentos de centralismo político em torno de reis que procuravam manter em torno de si cortes sofisticadas.