A Idéia de Liberdade em Hegel

Neste trabalho dissertarei sobre o conceito e a Idéia de liberdade em Hegel. Trata-se de um estudo de cunho interpretativo, de modo que, além da fundamentação teórica baseada na bibliografia indicada, tecerei comentários, também, pessoais.
Seria a liberdade plena? Uma liberdade plena seria medida, cerceada até? Não são contraditórios os conceitos de liberdade e restrição? Mas, por outro lado, uma liberdade plena, no sentido de absoluta, desmedida, sem limites, seria possível?
Que poder é este se que movimenta dentro do espírito absoluto? Um poder racional? A autodeterminação do espírito subjetivo do homem no Espírito Absoluto pode garantir alguma liberdade (freiheit) desse mesmo espírito subjetivo (gheist)?
“A subjetividade da liberdade, por si infinita, constitui o princípio do ponto de vista da moralidade” (§ 104). Ora, é a própria Idéia (não no sentido platônico) de liberdade, quando efetivada, determinada a partir do movimento da história, o sumo princípio da moralidade (ou o primeiro princípio, como queria Aristóteles). Assim, se a Idéia de liberdade se efetiva no Direito, então, o Direito é o princípio, também, da moralidade.
Será que os elementos da lógica (e portanto do espírito humano) são suficientes para explicar os conceitos de direito e liberdade ao homem? O que é o Direito? O que é a liberdade? As leis realmente efetivam o Direito? E mais: será possível a liberdade?
Mas é no espírito objetivo que se realiza (efetiva) a liberdade (freiheit). O espírito objetivo, como movimento lógico, é a própria efetivação da liberdade. Sim, a liberdade é objetiva; e o sujeito (individual) quer ser livre. Quer realmente? É possível o sujeito ser livre? A subjetividade humana (não de um único indivíduo) quer ser livre? E para se ser livre, é preciso obedecer a leis?
São questões como estas, supracitadas, que me instigam nesta investigação acerca do Sujeito e da Liberdade na filosofia hegeliana.
A moralidade, por exemplo, é subjetividade (é tipicamente subjetiva), mas que, no sistema de Hegel, está dentro do espírito objetivo (subjetivo do objetivo). A subjetividade é um tipo de poder de autodeterminar-se-a-si-mesma absolutamente: autodeterminação absoluta. A moralidade é expressão de uma vontade infinita. Tal vontade infinita (expressa pela moralidade) só pode ser livre (limitada) se unida ao Estado, ou seja, esta moralidade (não mais no sentido de moral enquanto substância (como entidade ou ainda como algum tipo de conduta consciente), mas moral como adesão livre), tal adesão é impulsionada pela racionalidade. Assim, haverá razões éticas, morais e pragmáticas que servirão de base para a formulação do Direito.
É no homem que se dá a liberdade efetivada. Tal liberdade é de natureza totalmente racional, e esta liberdade (efetivada) é conseqüência de uma vontade livre. Tal vontade livre determina a própria liberdade como uma segunda natureza (diferente de uma primeira natureza, a saber, da “physis”), realizada no Direito (objetivo). É a partir da vontade livre (não como vontade individual, de um indivíduo), como produção de um mundo (“Ideal” de liberdade efetivado como real, objetivo), que se efetiva a liberdade. E que mundo (kósmos, ordem, medida) objetivo é este? Resposta: o próprio Direito. Ora, o Direito é a própria realização da liberdade, já que a liberdade é algo objetivo. Esta objetivação da liberdade é a possibilidade mesma de o ser-aí ser no mundo.
A vontade livre é indeterminação e desmedida, mas pode encontrar determinação e medida no Direito. Tal Direito garantirá a liberdade? É ele a própria liberdade?
A liberdade precisa sempre estar dentro de limites (“aprisionada”), determinada.