O Feitiço do Fetiche e o Novo Deus

Nesse pequeno ensaio pretendo refletir sobre o fetiche com que enfeitiçamos e que nos enfeitiça. E em que sentido esse enfeitiçamento corresponde a um desencantamento do mundo como physis. A natureza na sua totalidade era, para os gregos, o mundo na sua totalidade e, assim, era divino o que era natural. Ou seja, não havia separação entre homem e natureza e, portanto, não havia separação entre o humano e o divino. Homens e deuses dialogavam na antiguidade.
O que era questionado apenas no âmbito da cultura, com Adorno e Horkheimer, passa a ser questionado, com a questão da técnica, de Heidegger, como não apenas indústria cultural, mas como a indústria enquanto tal, a indústria em sua totalidade. Heidegger aponta em seus textos e conferências, especialmente no Die Fräge nach der Technik e no Beitrage zur Philosophie (vom Ereignis), como esse gigantismo tomou conta do mundo, não apenas como modo de produção (em massa) nem modus operandi em geral, mas, e principalmente, como um modo de pensar.
O modo de pensar correspondente ao modo do ser que se afirmou como o evento da técnica é, segundo Heidegger, o pensamento calculador, a armação ou maquinação (Gestell). Um modo de pensamento que corresponde ao modo de ser da modernidade: técnico e calculador.
Mas o que tudo isso diz em relação à natureza do homem?