Sétimo dia

Era uma vez um casal que só namorava dia de sábado, pois Paulo trabalhava de segunda a sexta-feira e Eliana só dia de domingo. Ele era professor comunitário que trabalhava longe da família. Viajava dia de domingo à tarde e retornava sexta à noite para ficar ao lado da família e da namorada. Doze horas de viagem para ir e doze para voltar. Além da folga do dia de sábado, tinha também o domingo até ao meio-dia, mas Eliana trabalhava todo domingo confeccionando camisetas padronizadas. Ela não era empregada- trabalhava porque a empresa do amigo do pai dela cedia o maquinário, mas só aos domingos; e durante o restante da semana estudava Designer.
Todo sábado, Paulo e Eliana ficavam juntos quase o dia todo. Encontravam-se no horário do café e namoravam até a madrugada de domingo. Tudo ia às mil maravilhas, até que Eliana descobriu que Paulo estava namorando, simultaneamente, com outra garota lá do interior onde ele estava trabalhando. Ela colocou o coração de lado e agiu apenas com a razão:
- Gosto muito de você, mas não aceito te dividir com a outra. Vá tentar viver feliz com ela enquanto eu fico tentando te esquecer...
- Calma! Posso terminar com a outra para ficar só com você.
- Tarde demais. Já me sinto traída, exatamente como uma mulher que está abandonada e atrapalhando a felicidade de vocês. A convivência é limitada. Um é triste, dois é ideal e três é demais. Não é justo ficar disputando porque, se você me quisesse, não ia procurar a outra...