O Paralítico (Encontros Livro 4)

O quarto conto da série Encontros tem um tom narrativo surpreendentemente intimista ao fazer fraternais leituras paralelas sobre a cura do paralítico de Cafarnaum (Evangelho segundo Marcos 2:1-2; Evangelho segundo Mateus 9:1-8) e trazer um tema subjacente à história do milagre, que cresce à medida que o relato se desenvolve, apresentando-nos a comovente abordagem sobre a amizade entre cinco homens. Uma sutil indicação da afeição que grandes personagens do Velho Testamento: Abraão, Jacó, José, Davi, Elias, Amós, Jeremias, Jó e muitos outros mais, puderam experimentar em Deus.
Salomão, o rei mais sábio de Israel, em suas meditações, afirmará: “O homem de muitos amigos deve mostrar-se amigável, mas há um amigo mais chegado do que um irmão.” Provérbios 18:24, Cícero, o filósofo e político romano, tem ótimos ensinamentos sobre a amizade: “Em qualquer direção a que a gente se volte, ela está lá, prestativa, jamais excluída de alguma situação, jamais importuna, jamais embaraçosa.”
É essa virtude que o conto O paralítico tenta nos apresentar nas entrelinhas, supondo que a iniciativa das pessoas, que conduziram uma cama com seu ocupante até o telhado da casa em que Jesus palestrava, para de lá introduzir o deficiente ao recinto, só foi possível graças ao grande apreço que elas sentiam pelo acamado, e coloca, realmente, um tempero afetuoso que deixa a história mais cativante, e o desfecho, um milagre da fé, torna-se também um milagre da benquerença, da camaradagem, da estima, um milagre da amizade.
A diegese além de apresentar uma inspiradora história de amizade, também nos apresenta alguém especial, que de forma surpreendentemente amorosa, importa-se conosco. O Filho de Deus é o grande, o maior e o melhor amigo, como diz o hino 200 da harpa cristã. “Quão bondoso amigo é Cristo, carregou a nossa dor, e nos manda que levemos os cuidados ao Senhor”.
O Paralítico é um conto que informa sobre admiráveis amigos que não pouparam esforços para praticar um ato de amor, e apresenta, sobretudo, como diz o autor do conto, O Melhor Amigo de todos, de quem um dos profetas messiânicos da Antiga Aliança diz: Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu não me esquecerei de ti. Isaías 49:15.
Este amigo é Jesus Cristo, o salvador, com quem o paralítico de Cafarnaum está preste a se encontrar...

Boa leitura.
Jorge Mastergan