O PASTOR

Pastor Cândido e Frederico eram grandes amigos. Cândido considerava-se um escolhido e destinado a ganhar vidas para o Senhor. Frederico era um leitor compulsivo, apaixonado pela filosofia. Quando se encontravam, entregavam-se a longas discussões. O Pastor queria que Frederico aceitasse o Cristo como seu único salvador e Frederico mostrava ao amigo que, se aceitasse, se tornaria um animal de rebanho.
A saúde do Pastor era muito frágil. O pobre homem lutava para conter a evolução de um câncer de pele que se alastrava pelo corpo, principalmente pelo rosto, deixando manchas brancas.
Cândido foi convidado para ser o Orientador dos jovens da igreja de Cabo Frio. Logo que chegou à cidade, teve a sensação de que alguém o chamava. Na praia, ele conheceu a mãe de um jovem e um homem viciados na droga. O jovem Pastor ganhou essas vidas para o Senhor.
Cândido iniciou um trabalho na periferia, resgatando novas almas e fazendo milagres. Curou uma jovem paralítica e fez um cego enxergar. O Pastor da Igreja e o principal Diácono perceberam os riscos que a cidade corria. A propagação de que havia um Pastor Milagreiro em Cabo Frio, atrairia para a cidade os cegos, os coxos e todo tipo de deformados na busca da cura. O Pastor Cândido foi convidado a deixar Cabo Frio.
Durante esse tempo, de Brasília, Frederico acompanhou o que estava acontecendo com o amigo. Embora não desse importância às histórias dos milagres, Frederico reconhecia que ele fazia bem às pessoas mais pobres e sofridas de Cabo Frio e que havia ganho muitas vidas para o Senhor.
O Pastor foi para a cidade de Vila Velha, no Espírito Santo. Ali, começou um trabalho no mangue, recuperando jovens, assaltantes, prostitutas e todo tipo de necessitado. Frederico resolveu, então, acompanhar o Pastor no trabalho no mangue. Certo dia, a vila construída no mangue, acordou em alvoroço. A Polícia havia chegado com tratores para demolir os barracos e expulsar os invasores. O Pastor e Frederico correram para o mangue. Na confusão, os dois ficaram entre os moradores armado de facão e a Polícia. Tentavam negociar um prazo para a retirada das famílias. Quando um soldado se preparava para atirar em Frederico, o pastor Cândido colocou-se no meio. Felizmente, chegou a ordem para suspender a desocupação. Frederico voltou para Brasília e se entregou aos livros e Cândido continuou ganhando vidas para o Senhor.