Pão nosso de cada dia

Sou João padeiro e estou contando fatos de minha vida para um moço que chegou aqui de carro, que é amigo de meu vizinho Português.
Conhecemo-nos de vista e de saudações, quando ele passava por mim na estrada.
Ao chegar ele me trouxe um saco de bisnagas, um pacote de manteiga e um de mortadela. Parece um bom moço, não vi o seu rosto, mas senti pela sua voz. Ele se sentou num banquinho e me escutou.
Nasci e fui criado no sítio de meus pais, numa região montanhosa distante a dez léguas da cidade de Friburgo, numa vila conhecida por Mariana. Ajudava com meus irmãos ao meu pai, nos trabalhos da roça para sobrevivermos. Já rapaz quando estava trabalhando na capina, fiquei pensando num modo de mudar a minha vida, e tive a ideia de ser padeiro, devido à necessidade de todos da região, em ter um bom pão fresquinho, tão raro aqui nas redondezas.
Certo dia tomei minha decisão; limpei uma grande cesta de bambu e bem antes de amanhecer, parti rumo a Friburgo a pé, numa estrada de terra bem acidentada, parecendo mais um caminho. Chegando perto da cidade, comprei cinquenta bisnagas, as protegi em dois sacos plásticos e coloquei-os na minha cesta. Peguei a cesta, pendurei nas costas como fosse uma mochila, e vim andando em direção a Mariana entrando pelos sítios e gritando: