Baú da esperança

Acordei assustado, mas esperançoso com um sonho que me parece um absurdo, uma vez que sonhar com um baú de metal, repleto de riquezas, enterrado na ponte do Rio Capibaribe no Recife, seria praticamente impossível.
Geralmente os baús são escondidos enterrados na casa, geralmente no chão ou no quintal, próximo a casa, para esconder fortunas dos saques de ladrões e no tempo do cangaço, uma vez que antigamente não existiam bancos e um lugar seguro para guarda-los.
Mesmo duvidando do meu sonho, resolvi procura-lo em uma primeira oportunidade.
Moro numa casinha um pouco afastada do centro da cidade de Sertânia na Serra do Cariri em Pernambuco, próximo à divisa com o estado da Paraíba. Esta cidade é conhecida como cidade da poesia e dos cantadores.
É comum neste local, nas reuniões sociais, desde o povo mais humilde até os mais favorecidos, nos bares, restaurantes e praças, um pequeno grupo de pessoas reunidas, conversando, bebendo e recitando poesia ou fazendo uma cantoria.
Trabalho no Abatedouro Municipal, destrinchando carcaças e guardando suas partes bem limpas no frigorífico.
Como surgiu um feriado na sexta feira, trabalharíamos intensamente no abate na quinta, e aproveitaria este feriadão para viajar para Recife e tentar encontrar o baú do meu sonho.
Sai na sexta, bem cedo, e voltaria no domingo à noite... Cheguei ainda na parte da manhã em Recife e fiquei hospedado numa pousada bem simples na região portuária, bem próxima à ponte onde iria procurar.
Fui numa barraquinha na cabeceira da ponte fiz um bom lanche com uma cervejinha, e me dirigi para a ponte... A atravessei até o outro lado, voltei, atravessei de novo, sempre olhando para o chão, batendo com o calcanhar numa rachadura ou imperfeição da pavimentação, procurando escutar um som oco, ou algum detalhe diferente, mas nada.