O Mßo Rei e o Bom Subdito: Um Trecho da Historia Portugueza

Elysa!’Vou escrever um livro, mas um livro sð para ti. Ha de ser a traducåáo do pensamento revoando caprichoso por todo esse universo; ha de ser o monumento de uma longa saudade ingenhosa a náo desperdiåar uma hora de remanso, a náo sorrir nem suspirar senáo comtigo; ha de ser um jornal do coraåáo, de que tu serßs o unico assignante, o unico leitor, e mais ainda o unico entendedor; ha de ser o desapertar incerto de ramalhetinhos da minha musa melancolicamente suave ou desesperada, ha de ser, emfim, o exercicio de uma devoåáo sublime do amor, serß talvez o de um sacerdocio mysterioso, serß de certo o de um martyrio de ausencia pungente. Anjo!’este livro deve ser muito amado por ti. Quero-o ß cabeceira do teu leito, no teu toucador, na mesa do almoåo, no cestinho da tua costura, nos teus passeios, no theatro, no baile, na cñrte, na provincia, nos risos, nas lagrimas, na esperanåa, no desconsñlo, na vida, na morte. Em qualquer parte, em qualquer circumstancia que te encontres, abre-o; abre-o com a crenåa supersticiosa do amor e da ternura, que nelle beberßs uma superstiåáo amorosa e terna, para alegrar-se e para gemer comtigo. Anjo!’este livro deve ser muito amado por ti