Otelo, de Shakespeare: a inveja destrói pessoas, famílias e organizações (Coleção Quasar K+ Livro 11)

Neste livro, “Otelo – a inveja destrói pessoas, famílias e organizações”, Antônio Carlos examina a obra de Shakespeare à luz das consequências que a inveja ocasiona, tanto em nível de indivíduos como de seus familiares, mas, sobretudo no plano das organizações, impactos que, via de regra, podem levar ao debacle das instituições.

“Otelo, o mouro de Veneza” é uma das obras primas de Shakespeare. A tragédia adota a inveja como uma de suas molas propulsoras. O ciúme, a traição, o amor e o racismo são os demais componentes que complementam a obra literária escrita nos idos de 1.603 e que se constitui em uma das peças mais encenadas, mundo afora.

O mouro Otelo, general a serviço de Veneza, apaixona e se casa com Desdêmona, filha de um poderoso senador da república. Tudo corre bem até que entra em cena uma personagem maquiavélica, Iago, que, preterido em uma promoção, passa a tramar contra a felicidade do casal. Competente, virtuoso, mas inseguro, Otelo se deixa conduzir e, consumido pelos ciúmes, acaba protagonizando o infausto desfecho.

O bardo inglês, com maestria, escolheu esta obra para discutir um tema que a literatura abraça desde que a espécie começou a refletir sobre a condição humana, a inveja.

A inveja é um sentimento que, necessariamente, relaciona-se com o outro; ocorre quando uma comparação evidencia a ausência – no observador - de um bem material ou de uma qualidade existente na pessoa considerada.

Pode se manifestar de diferentes formas, as consequências, porém, são as mais perversas, incontroláveis sensações de angústia e raiva, alimentando explosivas expectativas de obter as qualidades ou bens cobiçados.

Além de ser um dos maiores escritores ingleses, William Shakespeare é o maior dramaturgo de todos os tempos. Suas obras inspiraram cineastas como Akira Kurosawa - Ran e Trono Manchado de Sangue –, e romancistas como Machado de Assis – Dom Casmurro.

Machado de Assis, o maior nome da literatura brasileira se inspirou em Otelo para escrever o clássico Dom Casmurro. Este romance foi lançado em 1899 e até os anos 60 era considerado as memórias de um protagonista traído pela mulher que a vida inteira amou. Foi necessário que a crítica norte-americana Helen Caldwell (1094-1987) resgatasse a vinculação entre Machado e Shakespeare – Otelo e Dom Casmurro – para evidenciar que a ficção brasileira encerra memórias narradas a partir de um homem consumido pelo ciúme.

É preciso considerar que, ao manobrar de uma só vez quatro personagens - Otelo, Rodrigo, Cássio e Emília - Iago leva o general mouro a acreditar na traição da inocente Desdêmona. Quando migramos do universo de Shakespeare para o de Machado de Assis é quase natural concluir pela inocência de Capitu.

Dentre as obras do bardo inglês se destacam Hamlet, Rei Lear, Macbeth, Romeu e Julieta, Sonho de uma Noite de Verão, Medida por Medida...

Shakespeare tem suas peças montadas em todos os rincões do planeta. Não há continente que ignore a majestosa obra deste ícone da literatura universal. E a razão de tão vigoroso prestígio não poderia ser outro, reside no fato de discorrer sobre a essência do que vai na alma humana, condição que permite transpor as barreiras impostas por credos, cultura, idioma, política, raça, período histórico...

Em profundidade, Antônio Carlos aborda a cobiça, a ambição, os desejos desenfreados e os impactos desses sentimentos na produtividade das organizações – públicas e privadas -, destacando aspectos como a meritocracia, a fisiologia, o tráfico de influência, a sacralização das lideranças dissimuladas, e as disfunções do aparelho de estado.