Tamanho Único?

Oi, eu sou Mia. Mia Garatonni, para ser específica. Sou a protagonista da história que você vai ler; chique isso de ser protagonista, não é? Um avanço incalculável para uma garota gordinha e tímida que sempre era escolhida por último nas aulas de educação física na escola. Uau...Meu dia está simplesmente uma loucura aqui no estúdio de gravação do "Cate Quintella Show" - minha chefe acordou de novo com o pé esquerdo (segredo de Estado: eu acho que ela tem os dois pés esquerdos...), tenho uma reunião de pauta daqui a quinze minutos e, para adicionar mais uma pitada de insanidade, fui convidada a listar aqui as razões para convidar você a ler a minha história.Voilá! Cá estou...A primeira coisa que me ocorreu de te contar foi a de que sou louca por sorvete de macadâmia e pelo meu sofá azul, necessariamente nessa ordem. Entretanto, percebi que esse combo pessoal não chega a ser nenhum grande motivo para publicar nada a meu respeito, visto que eu poderia gostar de sorvete de pistache e de uma espreguiçadeira de vime, e tudo soaria tediosamente igual. Bom, posso te dizer que histórias de gente comum podem ser extraordinárias, visto que todos sofremos e pelejamos por um único desejo: ser feliz (seja lá o que felicidade signifique para cada um de nós). Acho que é disso que se trata essa minha autobiografia autorizadíssima: buscar a felicidade. Minha ansiosa mãe logo perguntou se a minha história iria mudar o mundo? Ora bolas, por favor, quem é que ela pensa que eu sou? Gandhi? Dalai Lama? Aff!Nem vegetariana eu consigo ser, o que dirá ser a fada sensata da paz mundial! Eu disse a ela que já era uma vitória alguém escrever sobre uma jovem mulher obesa sem que seja um livro sobre mais uma "revolucionária" dieta! Metade do mundo está acima do peso e, embora a mídia não nos estampe em capas das revistas, nós estamos na luta, colocando a cara ao sol, em busca de um amor tranquilo com sabor de fruta mordida (Cazuza arrasou!) e de uma calça jeans que reconheça o nosso valor. Chega de olhar para nós como se fossemos alienígenas com a fome de mil fuzileiros navais. Como qualquer ser humano, eu acordo com a cara amassada, tenho dias bons e dias ruins, procuro por um shampoo revolucionário que dome o frizz do cabelo e, claro, fracassei em boa parte dos meus relacionamentos amorosos. O mundo anda complicado para todo mundo (tá, menos para a Gisele Bundchen, mas aquela lindeza não conta...), seria legal se a minha história alcançasse meninas e mulheres que se escondem, que pensam que são defeituosas porque não têm as mesmas medidas da boneca Barbie e engrossam assustadoras estatísticas sobre anorexia, bulimia e tantos outros transtornos alimentares, ou todas que ainda não descobriram o próprio poder e beleza.Falta de autoestima é um fardo paralisante, sei bem do que falo.Refletindo agora sobre a pergunta da minha mãe... Se eu quero mudar o mundo? Sim, eu quero! Mas não tenho a pretensão de que este livro sozinho vá fazer isso; talvez ele adicione sorrisos e leveza à vida de quem o ler. E, pensando bem, leveza é o que todo mundo quer - independente de letras e números das etiquetas nas roupas que vestimos.