As Sombras do Tempo

O romance As Sombras do Tempo se inicia em setembro de 1822, na manhã em que a pequenina vila de São João de Atibaia recebeu a notícia da independência do Brasil. Pedro Amadeu Alvim, o personagem principal deste drama histórico, acha-se agora envelhecido e vive solitário em meio às lembranças do passado. Em sua juventude, amou e foi amado pela bela Ana Franco. Porém, como pertenciam a tradicionais famílias de paulistas que se odiavam, os Pires e os Camargos, foram impedidos pelos pais de se casar, revivendo em terras tupiniquins parte da famosa tragédia shakespeariana. Ironicamente, quis o destino que eles morassem em casas vizinhas na velhice, mas Pedro jamais tornou a conversar com Ana Franco, que permanecia menina em seu coração.
Naquela manhã de setembro, Pedro Amadeu Alvim acordou com o repicar dos sinos da igreja matriz e o espocar de rojões. Imaginava que havia nascido algum príncipe e dirigiu-se à barbearia do Dito Barbeiro para saber as novidades. Logo, disseram-lhe que o Brasil havia se tornado uma nação independente de Portugal. Ao receber tal notícia, seus olhos aguaram-se. Lembrara-se que, há mais de trinta anos, lutara por esta causa ao lado de tantos companheiros queridos. Quando regressou para casa naquele dia, trazendo o peito embalado pelas mais contraditórias emoções de alegria e tristeza, pois imaginava ser o único inconfidente ativo a ter sobrevivido para ver o Brasil livre, encontrou duas pessoas lhe esperando no quintal de sua casa. Dois velhos, que ele não reconheceu a princípio. Um deles era o padre Avelino, seu querido companheiro, que fizera voto de silêncio como penitência por seus terríveis pecados e que Pedro imaginava já falecido há muito. O outro... misericórdia! Calemos, por ora, a sua identidade!
O romance As Sombras do Tempo trata da inexorável passagem do tempo e tem como pano de fundo a Inconfidência Mineira. Misturando ficção com realidade, procura retratar de maneira correta e segura este período ímpar de nossa história, tentando iluminar algumas passagens obscuras do movimento e sugerindo soluções que a historiografia oficial não pode, por falta de documentos, asseverar como verdades acadêmicas.