O Rosto do Deus de Jesus de Nazaré

Nenhuma figura desta terra em nenhum tempo possuirá um caráter mais libertador e questionador do que o pregador da Palestina chamado Jesus de Nazaré. Sua ousadia em nome da verdade de sua Fé fez dele um adversário dos sacerdotes do Templo e um herege para a sua própria religião. Sua coragem em anunciar que Deus somente é Deus e que César nada possui de Divino, fez dele inimigo do Império. Por sua coragem pagou livremente com a própria vida, morrendo não apedrejado como herege, e sim, na cruz como um malfeitor aos olhos dos romanos e maldito aos olhos de judeus.
Sempre será tempo de revisitar suas convicções e assim perceber se há veracidade nas nossas. Uma pergunta se impõe: O que quis mesmo Jesus de Nazaré? Precisamos enfrentar sem nenhum tipo de receio esta pergunta. E sem medo redescobrir que o eixo da ação e de toda pregação do Nazareno é o Reino. Poderíamos dizer que Reinado de Deus, expressão mais adequada na tradução seria a realização da utopia fundamental do coração humano, de total transfiguração deste mundo, livre de tudo que o aliena, as dores, os pecados, a divisão e a morte.
Jesus não só promete esta realidade, mas já começa a realizá-la e mostrá-la como possível neste mundo a partir dele mesmo. Falar de Reino é ao mesmo tempo falar sobre Deus pois a vivência que Jesus faz de Deus como Pai é essencial para sua compreensão. O Deus que deseja Reinar é o Deus Pai de Jesus. Essa vivência feita por Jesus de Nazaré de um Deus que é Pai e doador de um Reino diferente e realizador de uma nova ordem das coisas é o fundamento da própria liberdade do carpinteiro nazareno em sua jornada rumo à Jerusalém. Em um momento no qual o nome de Deus vem servindo como elemento de fortalecimento de exclusões, manutenção de um status de violência e exploração, é preciso perguntar sempre quem é o Deus de Jesus de Nazaré.