Promessas

O céu estava nublado e as gramas umedecidas. Sebastian andava de um lado a outro na pequena casa em que vivia com sua esposa, Esmeralda. A esposa, que via a inquietação do marido, resolveu se acercar.
- O que o atormenta, esposo? - Esmeralda perguntou mansamente.
Ele a observou se aproximar e tocou em sua face. Mais que tudo amava sua esposa e sabia que não podia esconder dela a aflição que passava. Ela tinha que saber a verdade.
- Preciso te contar uma coisa. Quero que preste atenção em cada palavra que eu disser e depois me diga o que faria se estivesse em meu lugar.
A esposa, preocupada, assentiu e se sentou em uma cômoda que havia por perto. Sebastian se ajoelhou em frente à amada e revelou a ela o que tanto o afligia há dias.
- Quando você passou mal em sua gravidez, não tive onde recorrer. Então pedi emprestado um grande valor ao Senhor Juan. - Ao mencionar o nome do homem malvado, sua esposa não deixou de mostrar espanto. E, antes que ela falasse algo, Sebastian continuou. - O custo do médico foi muito alto e os remédios que precisou passavam do valor que eu poderia pagar, mesmo se vendesse nossa propriedade. Não tive outra chance a não ser procurar o senhor Don Juan e, com ele, consegui um grande empréstimo e é amanhã que o prazo da promissória vence, mas tenho um problema agora. - Antes de ele continuar, Esmeralda o interferiu.
- O que quer dizer com isso, marido? Qual seria esse problema?
- Não consegui juntar todo o valor. Tenho apenas a metade do esperado. Pela fama de Don Juan, tenho certeza que não deixará passar imune. Tenho medo que ele faça algo com você e Alonso. - Alonso era o pequeno bebê de seis meses que Esmeralda gerou e o motivo de terem entrado nesse problema.
- Oh, marido! O que faremos agora? - Perguntou a mulher já assustada.
- Vou esperar amanhecer e irei falar com senhor Don Juan. Se ele tiver um pouco de bondade em seu coração, irá esperar um mês mais.
Depois de consolar sua esposa que não parava de chorar, eles se retiraram para dormir. À noite mal dormida não lhe fez muito bem e, logo que amanheceu, Sebastian se arrumava para encontrar-se com Don Juan. Arrumou seu único cavalo e logo estava na estrada.
O céu continuava nublado e as gramas ainda estavam molhadas. O vento forte que acertava sua face, não o deixava ir muito rápido. Com uma hora de cavalgada, ele adentrou a mansão de Don Juan.
Don Juan sempre foi um homem bom e feliz, até o dia em que sua esposa e filho faleceram quando ela deu a luz. O homem, que um dia havia sido bom, se tornou desagradável e amargurado. Dono de toda a cidade, ele começou a descontar seu desgosto em todos os que habitavam em sua cidade. Quando emprestou seu dinheiro para alguns moradores, ele teve certeza de que ninguém poderia pagar o empréstimo. Mas, de alguma forma, o dinheiro não lhe faria falta e resolveu entregar o dinheiro para os garotos, já pensando no que faria com que os mesmos sofressem quando chegasse a hora do pagamento.
Quando o dia do pagamento chegou, Don Juan levantou cedo e ficou em seu escritório esperando para receber os pagamentos. Não demorou muito e os rapazes começaram a aparecer. Como ele esperava, nenhum dos garotos tinha o dinheiro que deveria ser pago. Todos pediam desculpas e um alongamento do prazo para efetuarem o pagamento. Como ele havia esperado por essa notícia, logo explicou o que queria em troca do pagamento.
- Suas dívidas serão pagas se aceitarem minha proposta. – Don Juan falou observando os seis rapazes que estavam em seu escritório, todos prestando atenção em tudo que ele falava. Os rapazes se entreolharam e logo observaram a figura do homem para quem deviam.
- Continue. - falou Sebastian, o mais velho dos que estavam presentes.
- Como nenhum de vocês têm o dinheiro que deveriam me devolver, lhes farei uma proposta. A proposta é a seguinte: A geração de vocês terá que pagar suas dívidas.
- Como seria isso?