O último pedestre

De cem vítimas de acidentes de trânsito, no Brasil, 35 são pedestres. Em algumas capitais, esse número se eleva a 80. O condutor esquece que outrora foi pedestre.

O romance retrata um cenário humano mais comum do que dizem as estatísticas. É a descrição linear de vidas num país classificado como sexta potência econômica. É a observação da trajetória de cidadãos, na periferia da capital da República. Lajeado, nome fictício do vilarejo real, não se localiza nos grotões distantes do Brasil grande. Situa-se a escassos 50 quilômetros do Palácio da Alvorada e do Congresso Nacional. Afrânio Modesto é um brasiliense imerso nas mudanças mais recentes do Brasil, de Brasília e das áreas adjacentes que modelam a nova metrópole do Centro-Oeste.

Próximo ao vilarejo, cenário deste romance, tenho uma área de preservação ambiental, destinada a formar um oásis no cerrado. Frequento esse casario há mais de trinta anos. Conheço as ruas, as casas, um bom número de pessoas e suas histórias que me permitiram montar uma peça literária singela como é singelo o povo dessa comunidade. Os cidadãos do vilarejo vivem com os olhos no dia seguinte. A vida se concentra em garantir o sustento, pagar contas e dívidas que se avolumam no dia a dia.

A qual Brasil pertence o Lajeado? O leitor, ao longo das páginas, poderá inferir, por sua própria experiência, de qual dos Brasis Afrânio Modesto é cidadão: do Brasil profundo ou do Brasil sexta potência.