Memórias de um pirralho

MINICÁPSULAS DE TEMPO
Onde está a Camboa, onde os pirilampos, as lendas e os descobrimentos?
Em que ponto a imaginação e a memória se confundem, e em que ponto essas intersecções encontram ressonância em cada leitor?
A alma inquieta, sensível e pura. O eterno pirralho germinando o escritor. Ingredientes básicos de mais uma obra de Joilson Portocalvo, cavoucando o passado.
O autor traz da memória a imaginação. O mundo novo e seus mistérios, os sabores do desconhecido, as incompreensões e as perplexidades apresentadas em sua pureza original, levemente temperadas pelas rendas do tempo. Uma viagem pelo real ou pelo imaginário, muito além da Camboa, muito além dos pirilampos no jarro, de Jacuípe, que dá vida ao passado, discreta, quase imperceptível. E no tecer dessas lembranças, a alma pirralha do poeta vem adicionada de certa dose de ironia, de espanto, e sempre sincera, e sempre autêntica, que Mastrella vislumbrou através do labirinto da porta, e traduziu em imagens. O que dizer? Elas falam por si.
“Memórias de um pirralho” são flashes da vida do menino universal, em conexão direta com o leitor, seja ele jovem ou adulto; um convite para que ele se encaixe, se encontre, se reconheça pelo que viveu, pelo que vive ou pelo que irá viver.
Renato Petry

Meu caro poeta e memorialista,
Mesmo sem nem ter visto (e até tocado) as ilustrações originais, dá para dizer tranquilamente que são belíssimas. Mastrella foi muito feliz ao pensar e realizar o portal ovoide no sideral universo da infância do pirralho, uma vez que o ovo é indiscutivelmente o símbolo máximo da origem da vida. E essas cores contrastando com o fundo de constelações no negror do nada (“o nada que é tudo”, como certa vez disse F. Pessoa do “mito”) parecem nos fazer viajar num tempo que nem lembramos direito ter vivido.
Estou certo que a reedição da obra vai ficar uma peraltice (ou pirralhice) de alta qualidade.
Jura Valedos