A Máscara do Morcego: Batman à luz da teoria dos arquétipos junguianos

As histórias em quadrinhos fazem parte do cotidiano de crianças, jovens e adultos em diversos lugares do mundo. Como gênero literário, nasceu em 1895 com a criação de uma tirinha dominical em jornais americanos de histórias de uma criança chamado Yellow Kid. Foi em 1938, ano da apresentação do Superman, que as histórias em quadrinhos abriram um espaço para os heróis, a partir de então, iniciou-se a construção de um espaço para a revitalização dos relatos heroicos (FONOFF; COLUCCI, 2008).As narrativas heroicas fazem parte da própria constituição da humanidade. Em variados momentos da história, eles sempre se fizeram presentes. Os Quadrinhos (HQs), tornaram-se fonte de relatos heroicos sendo que estes podem ser exemplos do que Carl Gustav Jung chamou de Arquétipo, pois por mais diversos que sejam os relatos estes estão sustentados por ideais que incentivam as pessoas a questionarem suas ações e, a se encorajarem na busca por mudanças de condutas. Sendo assim, os estudos promovidos por Jung representam uma das maiores contribuições acerca do material simbólico presente na história da humanidade.
Mediante várias viagens e contato com diferentes culturas o autor constatou uma conexão universal entre os homens e um tipo de herança psicológica construída ao longo do processo de evolução. Este patrimônio psicológico foi chamado por ele de inconsciente coletivo e de acordo com Jung seu conteúdo se utilizaria de imagens para se expressar, tendo assim, os arquétipos. As imagens arcaicas são capazes de trazer representações acerca da própria humanidade porque todos os homens, primitivos ou modernos, compartilham de um conhecimento arquetípico universal (JUNG, 2002). A constância de uma dada experiência avaliada e reproduzidas por cada geração futuro é o ponto no qual se fundamentam os arquétipos.
O caminho metodológico proposto por Jung segue uma linha simbólica-analógica, isto é, propõe a ampliação da imagem simbólica em vista de uma melhor interpretação. Neste sentido o fenômeno do herói presente nos quadrinhos, e que ganhou vigor absoluto nos cinemas está inscrito em uma estrutura que pertence a padrões míticos e religiosos coletivos e, assim, não estão distantes de todo um material que pertence à própria história da humanidade. Este material representado e apresentado por meio de uma linguagem simbólica é consubstancial à própria humanidade.
Tomando como fundamento os arquétipos se torna pertinente a análise do herói conforme apresentados nas HQs bem como no universo cinematográfico que desde o início dos anos 2000 se efetivou como fonte de conhecimento deste tipo de narrativa. Heróis modernos e suas jornadas possibilitam a amplificação da situação vivida pelos que o acompanham. Apresentam respostas possíveis a situações comuns a todos e podem ser analisados mediante a teoria Junguiana posto o fato de terem a mesma raiz dos mitos arcaicos que há muito transmitem possibilidade de interpretação do fenômeno humano (BOECHAT, 2008).
Para esse trabalho, será examinado como o arquétipo junguiano o herói apresentado a partir do Batman. Esse personagem criado em 1939 por Bob Kane, já teve sete adaptações ao cinema e três participações em outras produções. Torna-se pertinente esta imagem devido ao paradoxo que ela representa, pois por exemplo, em Batman Begins (2005) a produção de Christopher Nolan deu nova vida à lenda do Batman, que pode ser resumida na fala expressa no filme que é: “Como homem, sou de carne e osso, posso ser ignorado, ou destruído. Mas como um símbolo eu posso ser incorrompível. Eu posso ser perpétuo”.
Além da trilogia dirigida por Christopher Nolan, serão lidas HQs específicas que fundamentem a pesquisa e corroborem para sua melhor amplitude e se avaliará como as produções cinematográficas inspiradas nas HQs expressam o modelo heroico a partir da apresentação da personalidade do Batman.