hahaquel - no frigir dos ovos, isso é um diário: livro II, capítulo III

"Acordo numa terça-feira destruída. Destruída eu, não a terça-feira, esta parece intacta. Para mim, na verdade nem é terça-feira, é a décima-feira, já que precisei trabalhar no último final de semana. A casa já está dando dicas de seu abandono através da película de poeira. As gatas pararam de ser sutis, agora dão unhadas na cara às 2 da madrugada querendo atenção enquanto estou lá. Na pele, além de olheiras, perebas de estresse aparecem mostrando descaso comigo mesma na alimentação e sono. Apesar deste cenário inóspito, em que o trabalho de alguma forma resolveu manipular as minhas linhas de marionete sem eu perceber como é que isso foi acontecer, a alegria ainda permanece."
...
"Tudo isso para perguntar após o final da parte II, do livro I:
De onde paramos?
Não sabemos, pois estamos sempre em movimento. Temos a mesma dificuldade da mecânica quântica que não consegue definir localização e direção ao mesmo tempo de uma partícula. Ou um, ou outro.
Nós aqui não enxergamos aonde estamos, e isso nos importa pouco.
A direção para a qual estamos nos movimentando, essa sim, é tudo o que há."

Hahaquel e a narradora de todos nós intercalam neste livro, mas não em um diálogo. Uma interrompe a outra a partir de algum gancho de quem está falando. Hahaquel expõe suas histórias de vida (difíceis, porém engraçadas) e a narradora de todos interpreta, filosofa e traz significado. Um novo narrador aparece. Um livro devidamente ilustrado com palavras e imagens.

Uma continuação do primeiro livro - Hahaquel - Jeci n'est past um livre de recette, este "livro II, capítulo III" não precisa de pré-requisitos. As referências ao livro I, capítulo I são sutis e explicadas para que o leitor não se sinta perdido.