Murilo Gomez
Quero este livro!Logo abaixo disponibilizamos um breve resumo do livro CRÔNICAS DEPRECIATIVAS: para pessoas não muito belas, desbocadas e do bar. para que você tenha uma idéia do assunto do qual ele trata. Se rolar a página você terá a oportunidade de fazer a leitura online.
Nesse livro, feito em memória ao meu amigo, parceiro de farras e chato pessoal Guilherme Alvarenga, adaptei e organizei os textos em uma linha temporal, de seu início até o último, para que todos possam conhecer o monstro que criamos. As crônicas são demasiadamente ácidas e até mesmo revoltantes, sem contar com a coragem de publicar algo em uma época em que tudo é visto como odioso. Mas sei que se Guilherme fosse vivo e estivesse entre nós, visando aumentar a raiva das pessoas, ele diria que a oportunidade seria essa. Por isso abram uma boa cerveja gelada ou um bom uísque e apreciem o nosso Frankenstein literário, cujas mesas de cirurgia ficavam localizadas nos bares da cidade.
Leia essa palhinha do que você vai encontrar dentro do livro:
UMA MULHER COM QUALIDADES
Projeção é um negócio engraçado. Ultimamente, ando pensando se tenho alguma noção da realidade, sobre mim mesmo, se o que vejo é o real... Esqueça o real... Bem... Esqueça! O que quero falar é do abstrato e de coisas mais importantes. Dirigindo em alta velocidade no vazio das madrugadas aracajuanas, paro em um estacionamento qualquer, sento em um bar e tento dar uma de compenetrado e fodão.
Peço uma cerveja gelada da mais barata, olho em volta e vejo uma garota. Decido ir falar com ela, sem pedir permissão. Sentei em sua mesa, falei alguma coisa sem nexo, mas não perguntei seu nome. Ela disse está chocada com minha ousadia. Não entendia o que tinha feito de errado, para que, alguém como eu tivesse o atrevimento de ir conversar com ela. Disse que se esforça muito para se manter bela, que era inteligente e capaz, mas só atraia lixos. Todos os bons homens que encontrara só a queriam para sexo e logo depois a deixavam de lado.
Como não estava disposto a ser psicólogo de nenhum depósito ambulante de esperma para playboys, levantei e voltei para a minha mesa. Pedi outra cerveja e fui ao banheiro, quando voltei a encontro na minha mesa. Ela se desculpou, disse que tinha sido grossa comigo e que estava tendo uma semana ruim. Seu namorado, que diferente de mim era perfeito, nunca dava a atenção que ela dizia merecer. Ele era tudo que uma mulher poderia querer: tinha um bom carro, dinheiro para levá-la a todo tipo de lugar e tinha um belo corpo. É... Se fosse mulher também daria para ele, mas como sou homem, não sei o que dizer. “Não se preocupe, não guardo rancor”, disse esperando que com isso ela fosse embora.
“Olhe para mim! Sou bonita! Qualquer homem me quer!” Disse sem sair da minha mesa. Disse também que estuda bastante, pretende passar em concursos e não era rata de academia. Tinha qualidades e por isso queria casar com um advogado ou talvez um médico, mas ultimamente só recebia propostas de professores e outros tipos de perdedores. Fitou-me da cabeça aos pés e perguntou o que fazia da vida, onde morava e onde pretendia chegar. Menti dizendo era um empresário de sucesso no ramo da construção e que meu sonho, que já estava a ponto de se concretizar, era abrir uma franquia nacional. Por algum motivo isso pareceu animá-la. Conversamos sobre diversas coisas e bebemos mais cervejas.
Pedi licença, fui ao banheiro. Na volta, conversei com o dono do bar, dei-lhe a chave da minha moto e pedi para que a guardasse no bar que depois pegaria. Voltei para mesa e a chamei para sair. Ela perguntou onde estava meu carro, Disse que por causa da lei seca, vim e voltaria de taxi. O taxi parou no motel e tivemos uma boa noite de volúpias intensas.
Já pela manhã, levanto, visto minha roupa e me preparo para sair. Ela acorda e me pergunta onde estava indo. “Estou indo da aula, sou professor” e sai pela porta.
Guilherme Alvarenga [18/05/2011]
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