Cachorro correndo sem cabeça: Conto Coleção Identidade - Vol.2

Alessandro Garcia

Quero este livro!

Resumo do livro 🤔

Logo abaixo disponibilizamos um breve resumo do livro Cachorro correndo sem cabeça: Conto Coleção Identidade - Vol.2 para que você tenha uma idéia do assunto do qual ele trata. Se rolar a página você terá a oportunidade de fazer a leitura online.

É possível determinar em que momento alguém se torna um psicopata ou identificar em seus traços, já na infância, a personalidade que o transformará em alguém capaz de matar? Inspirado na canção Polly, do Nirvana, Alessandro Garcia cria uma cronologia de registros para contar a história de Arthur, um homem capaz de cometer um crime hediondo. O conto transforma em ficção um episódio real datado de 1987, em Washington, nos Estados Unidos.

"Acordar ainda é tentar domar a atenção: primeiro ela se foca no cheiro de mofo espiralando-se como se diminutas formas orgânicas fossem, em direção às suas narinas; e logo este cheiro já é como uma coisa muito conhecida, então cede lugar à mancha esverdeada de umidade no teto, muito próxima ao arabesco de gesso; que cede lugar ao trinado ininterrupto do sabiá-laranjeira, não importando que só tenham se passado alguns minutos além das três horas da madrugada; que cede lugar à imagem dos cupons de desconto de supermercado em papel-jornal craquelento avolumando-se no criado mudo do lado direito da cama; que cede lugar ao chiado do rádio que ficou ligado todo o tempo e manifesta-se em estática; que cede lugar à luminosidade amarelada do poste ainda aceso na calçada em frente à casa dentro da qual você está — intercalando sua atenção entre sons, odores e vislumbres, olhos arregalados na madrugada como se pudesse ouvir o choro soluçante de um vizinho muito distante, abraçado ao travesseiro, que dirá, se perguntado, Nada. Não é nada. Só sonhos tristes. Ou coisa assim —, em luta para que suas pálpebras façam peso à angústia da perspectiva da manhã iminente; uma, duas, três piscadas como se em slow motion e seus olhos finalmente cedem e é no exato momento em que a mão da sua mãe se contrai em espasmo e aperta seu braço e interrompe a quase imersão no seu tempo subterrâneo e agora é tarde demais para tentar o sono novamente e por isso seus olhos permanecem arregalados até a luz de vapor mercuriano do poste dar lugar à solaridade inevitável.
Já a esta hora há sol em demasia do lado de fora, quando você sai para o lado de fora. Há também ramos secos riscando sua pele fina e corvos sobrevoando o pessegal como se ali houvesse corpos e não polpas caídas ao solo e atacadas por formigas — obstáculos para suas sandálias trançadas. É seu caminho de todos os dias, opção mais longa para chegar ao mercado da cidade no maior período de tempo que você consegue. Quanto mais longa sua permanência fora de casa, mais distante das lamentações e gritos hediondos da sua mãe; ela, que mesmo mergulhada na banheira até fazer boiar a correntinha de ouro com a bonequinha de saia, que deve ser você, encontra disposição para os gritos, porque faltam os mantimentos e daqui a pouco aqueles sanguessugas estarão novamente acampados em frente à casa, tocando a campainha como se fossem visitas solicitadas e, antes que se perceba, estarão mexendo nos armários e subindo as escadas, por isso é preciso que você vá de uma vez ao mercado, corvos lhe acompanhando como guarda-costas aéreos.
Você precisava ter chamado a polícia? Quem é você? A porra de uma salvadora? Não podia ter deixado ela lá e continuado a caminhar pra casa? Era só andar e ficar de boca fechada e deixar aquela menina lá, só deixar pra lá e outra pessoa faria o que tinha que ser feito. Você não pode ser minha filha. Você é mesmo uma estúpida!
Quando você coloca os pés fora do mercado, sacolas pesadas de pão e leite e pó de café e ovos e coxas congeladas de galinha e garrafas de suco de laranja, eles estão lhe cercando. Blocos de papel em punho, câmeras e gravadores voltados em sua direção como se uma declaração sua fosse o que todos desejam assistir antes de engolir o purê de batata, encarando o azulado da televisão. (...)"

Este conto faz parte da Coleção Identidade. Saiba mais em www.amazon.com.br/colecaoidentidade

Faça a leitura online 📖

Aqui você tem a opção de ler online o livro, além de também comprar a versão de papel caso tenha interesse. Utilize o botão "LEIA AGORA" (que está abaixo da capa do livro 👇) ou clique direto na capa do livro abaixo para iniciar a leitura.

* Se você gostou, sugerimos que apoie o trabalho do autor e adquira o livro. Para isso, clique no botão comprar. Se curtiu a leitura, por favor, compartilhe.

Setas indicando botão de compra

Comprar na AmazonComprar na Amazon

Visão Geral em PDF

Baixe aqui um apanhado geral sobre o livro Cachorro correndo sem cabeça: Conto Coleção Identidade - Vol.2 em PDF e distribua para quem você acha que gostaria de conhecer esta obra. O download está disponível para todos de forma gratuita.

Incorpore este livro ao seu site ou blog!

Copie e cole o código abaixo (como HTML) no seu site/blog para inserir uma caixa que aponta para informações do livro:

Vai ficar assim:

Outros livros de Alessandro Garcia para ler online 📚

Além deste livro que você está lendo, Alessandro Garcia tem outros 5 livros cadastrados conosco. Veja aqui os outros livros do(a) autor(a), exibidos por ordem de preferência dos usuários.

Livro A sordidez das pequenas coisas A sordidez das pequenas coisas

Aprenda a ler de forma eficiente!

Livro grátisGratuito no Kindle Unlimited

Conheça os pontos fundamentais para uma leitura eficiente, sem apelar para técnicas mágicas ou métodos extravagantes.

A ideia é ajudar você a refletir sobre o seu estilo de leitura e como é possível adaptá-lo para melhorar usando técnicas simples e de fácil aplicação.

Leia agora! →