Benjamin Leão & a Aliança das Asas

Você está familiarizado com o conceito de buracos de minhos? Eles são a chave para entender a história da humanidade. Eu gosto de os resumir brevemente como atalhos espalhados por todo o universo que seriam capazes de diminuir as distâncias de espaço o tempo. Esqueça naves espaciais, eles são coisas do passado. Máquinas do tempo? Ó meu caro amigo, elas são obsoletas! Tudo isso é possível com os buracos de minhoca. Mas não é o caso de explicar detalhes de física quântica, deixemos isso com os físicos.
Eu devo confessar que escrevo sem saber onde você está no espaço e tempo. Mas você deve saber onde a história se passa. Por isso eu começo com a maior descoberta científica de todos os tempos. No ano 2.050 D.B. (dimensão base), a viagem interplanetária se tornou possível com o domínio da ciência dos túneis de energia. Perceba que a descoberta não foi completa, apenas encontrou-se atalhos capazes de diminuir a distância entre dois pontos do universo, não do tempo.
Logo, teve início a ocupação dos Planetas Viáveis. Os primeiros foram Sigma, Kappa, Khi, Ômikron e Thita. Não é à toa que hoje esses são chamados os Planetas Centrais ou os Cinco. São eles que lideram intelectualmente o universo. É neles que nasce o conhecimento que depois é propagado pela Companhia REDE até que se incorpore em cada um dos planetas habitados.
Sob a comando do engenheiro astrônomo George Leão I, os Laboratórios Sigma lideraram as pesquisas que culminaram na descoberta e no domínio da ciência dos túneis de energia ou “atalhos” interdimensionais. Os túneis de conexão entre a dimensão base (Planeta Originário, Origem ou, também referido como Planeta Terra) e os cinco novos planetas foram estabilizados em 2.070, depois de longos anos de trabalho que permitiram que os atalhos mantivessem condições similares à atmosfera do local de sua abertura. No começo, eram cerca de vinte portões que davam acesso aos túneis interdimensionais, com apenas sete deles acessando diretamente os planetas viáveis. O que tornou possível o plano de expansão interespacial foi sem dúvida a rápida escalada tecnológica. Segundo o último relatório do Conselho Interplanetário pelo Meio Ambiente da Liga Omni, a humanidade já ocupa, para fins residenciais ou comerciais, com presença humana ou exclusivamente robótica, 3.723 planetas e nos próximos cinquenta anos esse número pode dobrar.
George Leão I, maior acionista dos laboratórios Sigma, quando esteve pela primeira vez no meio do deserto onde construiria o oásis de Nurje, no planeta Sigma, tinha certeza que ali estava o futuro da humanidade. É claro que o idealismo envolto na ocupação do planeta não tardou a fracassar. Não que já não se soubesse naquela época que os grandes beneficiários das tecnologias desenvolvidas naqueles laboratórios eram, em geral, uma nata intelectual, mas acreditava-se que o domínio da engenharia genética poderia produzir por todo o universo homens não simplesmente capazes de absorver conhecimento, mas também de criar. Homens que competiriam entre si por todo o universo e inovariam em áreas pouco compreendidas da ciência. Uma sociedade colaborativa!
Nada disso ocorreu, as manipulações do genoma humano curaram muitas doenças, mudaram aspectos físicos dos homens e os fizeram viver uma média de 135 anos, mas nenhuma manipulação conseguiu produzir gênios criativos ou tampouco alterar significativamente padrões cognitivos e curar doenças psicológicas. Após a primeira grande guerra intergaláctica (período referido como o das Grandes Guerras), que envolveu tropas de todos os planetas viáveis, a humanidade se tornou um corpo feito de retalhos contrastantes. Uma aberração: um Frankenstein de tecnologia e regimes arcaicos. Mais uma vez, culpemos a guerra.
E a guerra começou em Sigma, por isso insisto que devemos estudar a história de Sigma para compreender verdadeiramente como chegamos aqui. Nesse livro, acompanhe a aventura épica do Duque Benjamin Leão enquanto a história da humanidade se desdobra aos seus pés.