A fisionomia não pode iludir os olhos, enquanto o espírito não o permitir. O espírito é o escultor.
Orison
“Domingo passado, morreu aqui um jovem de idade muito avançada, com vinte e cinco anos,” escreveu João Newton, enquanto que Jorge Meredith, ao celebrar os seus setenta e quatro anos, disse: “não me sinto envelhecer, quer seja de coração, quer seja de espírito. Ainda contemplo a vida com os olhos de um jovem.”
Não devemos avaliar a idade de pessoas idosas pelo calendário. Para isso, devemos apreciar o espírito, o temperamento e a atitude mental.
Fazemos renascer o nosso corpo, fazendo renascer os nossos pensamentos; mudamos o corpo e os hábitos, mudando os nossos pensamentos. Há jovens que andam pelos sessenta, e velhos que têm trintas anos.
Os anos atuam sobre uma juventude mal-empregada, como o fogo sobre uma casa arruinada.
Ninguém envelhece, enquanto não perder o interesse pela vida, enquanto o seu espírito não envelhecer, enquanto o seu coração não se tornar frio e indiferente. Enquanto estiver em contato com a vida em muitos pontos, o espírito não se torna velho.
Viver sem envelhecer, sentir-se ativo e seguro para tudo o que representa vigor de espírito e frescura de sentimentos – depois, quando vier o fim, achar nas profundezas da alma a confiança dos anos decorridos e adormecer suavemente com uma firme esperança – não é isto uma sorte invejável?
A juventude não pode compreender por que é que o fim do dia não tem aquela agitada alegria da manhã, com cores mais ricas e alegres.
O pôr-do-sol é tão belo e, às vezes, mais glorioso do que o nascer do sol.
O fim da vida pode ser tão belo e grandioso como o seu início.
A idade tem os seus prazeres. Se a vida foi bem vivida, as recordações são belas e as satisfações consoladoras.
Realmente, o que pode dar maior prazer do que contemplar uma vida útil e belamente vivida?
Quando chegamos ao porto da velhice, após uma rude passagem sobre um mar tempestuoso, há um sentimento de repouso, de triunfo e de segurança.
Diz-se que os que vivem muito, esperam muito.
Se conservarmos a nossa esperança bem viva, apesar dos desânimos, e encararmos todas as dificuldades com uma fisionomia alegre, os anos dificilmente deixarão sinais nas nossas faces.
Há longevidade na alegria.
O tempo não atinge os gênios serenos e alegres. Não envelhecem.
Uma pessoa idosa deve ser calma e equilibrada.
Todas as agitações e perturbações da juventude devem ter acabado.
Uma dignidade suave, um repouso pacífico e uma expressão calma são as características das pessoas que gozaram o que havia de bom e belo no tempo em que viveram.
Não há exatidão e nem equidade na maneira de avaliar a idade pelos anos.
As pessoas devem se considerar velhas ou novas segundo a sua condição mental, a sua atitude em relação à vida, o seu interesse por ela, os seus pensamentos juvenis ou velhos.
Se elas encaram a vida com juventude e otimismo, se têm esperança, se são alegres, altruístas e entusiastas, devem ser classificadas como jovens, sejam quantos forem os seus anos.
O elixir da juventude, que os alquimistas tanto tempo procuraram na química, está em nós mesmos. O segredo está na nossa mentalidade.
O rejuvenescimento perpétuo só é possível, se tivermos ideias corretas.
Parecemos tão velhos quando sentimos e pensamos, porque são o pensamento e o sentimento que nos dão esse aspecto.
O equilíbrio mental significa harmonia, e a harmonia prolonga a vida.
Tudo aquilo que perturba a nossa paz de espírito ou destrói o equilíbrio, causa atrito, e o atrito provoca a deterioração rápida do delicado mecanismo da vida.
